Santa Dulce dos Pobres

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Quem poderia imaginar um santo ou uma santa que gostasse de futebol? Que tivesse seu time de preferência? E que exagerasse nos elogios a seu jogador preferido?…

 

Pois assim foi Irmã Dulce. A partir dos 13 anos, ia aos domingos, em companhia de seu pai e irmãos, ao Campo da Graça, torcer pelo Ypiranga. Fundado em 1906, o Ypiranga foi um os primeiros times do Brasil a aceitar a inclusão de jogadores negros. Maria Rita, nome de nascimento, Mariinha, para seus familiares, não escondia sua preferência pelo jogador Popó (Apolinário Santana), conhecido como “o craque do povo”, “o Terrível”.

 

Provavelmente se unia à torcida, que cantava: “Não há fogueira sem brasa, não há mato sem cipó, não há partida animada, quando não joga Popó”. O tempo não diminuiu o interesse de Irmã Dulce pelo futebol, a ponto de, já na década de oitenta, ao dar um testemunho a respeito de Popó, ter afirmado: “Popó era o meu preferido. Era um escuro com as pernas tornas. Se ele estivesse vivo hoje, ele seria Pelé. Ele era danado na bola!”. Irmã Dulce tinha companheiros ilustres como torcedores ypiranguenses: Jorge Amado, João Ubaldo Ribeiro e o músico João Gilberto.

 

Aspectos como esse da vida de Irmã Dulce dos Pobres servem para nos mostrar que os santos têm como característica estarem sempre com os olhos voltados para o céu, mas com os pés sempre bem firmes na terra em que pisam. Longe de serem alienados, eles também sentem, sofrem, alegram-se e reagem como qualquer um de nós. A diferença está nas motivações que os dirigem, no equilíbrio que os mantêm em qualquer situação e na intensidade de seu amor por Deus e pelo próximo. 

 

Relato de Dom Murilo S.R. Krieger (Arcebispo de Salvador)

www.vaticannews.va

21 agosto 2019, 15:14

 

 

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Canonizada em 13 de outubro de 2019, a Bem-Aventurada Dulce dos Pobres ganhou uma nova escultura, esculpida em cerâmica pelo advogado e artista plástico Nerivaldo Almeida, em que Ela está segurando, num dos braços, a camisa do Ypiranga, seu time do coração.

 

Uma imagem da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, revelando todo o amor que a jovem Maria Rita Lopes Pontes e, posteriormente, a religiosa Irmã Dulce tinham pelo Esporte Clube Ypiranga, é a nova peça do acervo do ‘Memorial Irmã Dulce’.

Feita em cerâmica, com 40 centímetros de altura, ela foi doada pelo seu autor, o advogado e artista plástico baiano Nerivaldo Sebastião de Almeida, 73 anos, em recente solenidade realizada nas dependências das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), localizadas em Roma, na Cidade Baixa.

 

Diferentemente das outras esculturas já conhecidas do grande público, nesta o ‘Anjo Bom da Bahia’, embora modelado com o tradicional hábito azul e branco, tem num dos braços a camisa ypiranguense, nas cores amarela e preta em listras verticais.

 

Nerivaldo ressaltou, em breves palavras, o “declarado amor” da adolescente Maria Rita pelo Ypiranga e a sua admiração pelo craque Apolinário Santana, o ‘Popó’ –apontado, na época, como um dos maiores jogadores brasileiros –, seu ídolo. “Era uma vibrante torcedora, desta de ir, nas tardes de domingo, ao antigo campo da Graça (estádio Arthur Moraes), acompanhado do pai, o dentista Augusto Lopes Pontes, assistir aos jogos da equipe”, declarou um emocionado Nerivaldo, ao explicar a opção desta temática para o seu trabalho.

 

A museóloga Carla Silva abriu os trabalhos e, em seguida, falaram os gestores da Osid, Sérgio Lopes (este representando a superintendente Maria Rita Pontes) e Márcio Didier, o monitor do ‘Memorial Irmã Dulce’, Ronaldo Castro, o presidente Valdemar Silva, do Ypiranga, além do autor da obra.

 

Dentre outras pessoas, também participaram do evento Diana Almeida, esposa de Nerivaldo, o vice-presidente ypiranguense Florisvaldo Gonçalves, os ex-presidentes Bernardo Improta e José Gonçalves – amigo de Irmã Dulce e médico voluntário, por muito tempo, do Hospital Santo Antônio – os conselheiros Carlos Humberto Santos e Ivan Lima e diversos torcedores, alguns deles vestindo camisas do clube.